Interligando patrimónios: a importância da educação não formal na construção de comunidades mais participativas

No dia 18 de abril de 2017, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios , a Cátedra UNESCO deu início a um programa de educação não formal , dinamizado por Armanda Salgado, ligado ao trabalho com comunidades rurais no Alentejo em curso.

Contexto

Este programa espera corresponder ao objetivos da UNESCO no que toca a campanhas de incentivo à área da cultura, nomeadamente ao poder que a cultura pode assumir em diferentes vertentes. A valorização da cultura local e, sobretudo, da compreensão do conceito de património cultural imaterial constitui-se como denominador comum às ações desenvolvidas.
Enquanto a educação formal se caracteriza por ser estruturada, desenvolvendo-se no seio de instituições próprias — escolas e universidades — onde o aluno deve seguir um programa pré determinado, semelhante ao dos outros alunos que frequentam a mesma instituição, o mesmo não acontece com a educação não formal. Com efeito, este último tipo de formação processa-se fora da esfera escolar e é veiculada pelos museus, meios de comunicação e outras instituições que organizam eventos de diversa ordem, tais como cursos livres, feiras e encontros, com o propósito do ensinar ciência a um público heterogéneo.

As sessões

Neste sentido, tiveram lugar duas sessões de formação no concelho de Castro Verde, no Baixo Alentejo, com a duração aproximada de 60 minutos. A primeira decorreu em Almeirim, pelas 18h, e a segunda, pelas 21 horas, em Lombador, nos centros de convívio de ambas as aldeias, locais privilegiados pela comunidade como ponto de encontro e núcleo social.

Ainda que as sessões tenham decorrido naquele espaço, estabeleceu-se sempre a ponte com as unidades museológicas das aldeias e que integram o Museu da Ruralidade de Castro Verde: o polo “A minha escola” no caso de Almeirim e o “Polo da tecelagem”, em Lombador.

Sob o título “O lugar do património imaterial” e após a explicação do significado da Cátedra UNESCO, reforçando o papel do investigador na qualidade de interlocutor entre a academia e a comunidade, iniciou-se a sessão. 

Em ambas as sessões os grupos eram maioritariamente femininos. Contudo, enquanto o primeiro apresentava uma idade superior a 65 anos de idade, o segundo era mais heterogéneo, apresentando idades compreendidas entre os 30 a 65 anos.

Ainda que a sessão tenha sido dirigida e pensada para cada um dos polos e respetivas coleções, foram abordados os seguintes itens: O que é um museu? Qual a função de um museu? O que é Património Cultural? Qual a diferença entre Património Material e Imaterial? Como se salvaguarda o património imaterial?

Tratou-se, pois de uma proposta de programa local e regional, vincadamente de cariz rural, com o intuito de valorizar e reforçar a importância do museu no seio da comunidade na qual se insere.

Ainda que a comunidade, neste caso, apresente uma proximidade do museu e assuma socialmente a responsabilidade pelo mesmo, na medida em que existem responsáveis pela sua manutenção e abertura ao público, houve a necessidade de promover uma reflexão sobre a importância desse trabalho.

Ao interligar o objeto às memórias, tanto da escola, como da pastorícia, reviveram-se, por um lado, brincadeiras no recreio da escola – o arraiol (berlinde), a calha (jogo da macaca), as músicas de roda, e, ainda, a arte de fabricar mantas, distinguindo os diferentes usos.

A aprendizagem não formal ocorreu, assim, de forma espontânea na vida do dia-a-dia através de uma conversa participada, promovida por um interlocutor, enriquecida pelas vivências e recordações da comunidade.