Filipe Themudo Barata fala das relações de Portugal com o Mediterrâneo no programa Encontros com o Património

Anunciação. Álvaro Pires de Évora ( 1430-1434 ). Têmpera e ouro sobre madeira 30,5 x 22 cm . Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

O Museu Nacional de Arte Antiga promove, até 15 de Março, a maior exposição de sempre sobre Álvaro Pires de Évora, “Álvaro Pirez d’Évora — Um pintor português em Itália nas vésperas do Renascimento”, com 85 obras do artista, nascido no Alentejo nos finais do Século XIV. Filipe Themudo Barata, coordenador da Cátedra UNESCO em Património Imaterial, esteve no programa Encontros com o Património da rádio TSF, no âmbito de edição dedicada à esta exposição.

No programa participaram também Maria João Vilhena, conservadora do Museu Nacional de Arte Antiga, e Joaquim Caetano, director daquele museu.

“Álvaro Pires de Évora, ou Álvaro Pires de Portugal como também era conhecido em Itália, é um pintor referido na principal obra historiográfica do renascimento sobre arte: Le vite de’ piu eccellenti pittori, scultori, et architettori, de Giorgio Vasari”, diz Joaquim Caetano. O director do Museu Nacional de Arte Antiga, e comissário da exposição, conta que documentos encontrados mais tarde referem uma grande quantidade de obras assinadas por Álvaro Pires de Évora em Latin e Italiano (Álvaro Piero de Portugallo), mas especificam também uma obra numa grande tábua com a virgem menina e anjos, que foi encontrada na Igreja de Santa Croce de Fossabanda, próximo de Pisa, onde ele assina em Português: Álvaro Pires de Évora Pinto.

“É essa sequência de assinaturas da obra do Álvaro Pires, com os pouquíssimos documentos conhecidos só referentes à empreitada dos frescos do Palácio Datini em Prato, em 1410, que nos dão uma biografia que é em muito construída a partir das obras que puderam ser identificadas”, explica Joaquim Caetano.

Durante o programa, Filipe Themudo Barata falou sobre a presença portuguesa no Mediterrâneo, a atmosfera económica e cultural de Portugal no Século XV, e as relações de Portugal com Itália e a Europa, contextualizando assim a atmosfera histórica da qual faz parte a obra de Álvaro Pires de Évora.

Para o coordenador da Cátedra UNESCO em Património Imaterial, se no Século XV era dada uma maior importância à expressão económica do Mediterrâneo do que à sua expressão cultural, tal é verdade ainda hoje. Relembra, no entanto, que as relações eclesiásticas também tinham uma grande expressão na época e que terá sido provavelmente por esta via que Álvaro Pires chegou às cidades italianas.

O podcast com a conversa completa no programa Encontros com o Património sobre José Pires de Évora pode ser ouvido aqui.